VOCÊ É ONDE. A construção da identidade na cidade

Esse é o TEMA do II EIPA que acontece nos dias 6, 7 e 8 de novembro, no Teatro Denoy de Oliveira no Bixiga.

O homem médio com 2,3 filhos das estatísticas oficiais parece não se encaixar na realidade de nenhum brasileiro. Ao mesmo tempo, a massa e a opinião pública atuam em descompasso com a vida de todo mundo. Generalizações surgem então como a medida de ninguém. “O conceito de massa está ultrapassado”, antecipam. Foi substituído pelo conceito de redes. Essa mudança representa o reconhecimento da singularidade do ser humano? Ou a simples divisão da sociedade em nichos de mercado? Entre singularidade e alteridade surge à crítica ao individualismo. E onde está o coletivo?

Convivem juntas muitas pessoas na rua, no metrô, nas lojas e restaurantes. Aparentemente nada acontece. Coexistir não é sinônimo de conviver. “A comunicação seria a chance de conhecer mais pessoas que combinam com você?”, questionam. E se a cidade incentivasse o agrupamento? Você poderia falar com todos a sua volta no metrô! E perder a hora do trabalho? “Agrupamentos sempre foram mal vistos, relembram. Antes a ditadura, hoje a ameaça do terrorismo”. O outro, antes de ser um potencial companheiro, é um potencial agressor. “Não fale com estranhos”, relembram. Estamos condicionados às mesmas coisas. Rotina? A convivência virtual supre a necessidade de interação real. Intimidade na rede é coexistência mascarada? “A Internet acaba com as surpresas do relacionamento. De cara sabemos o time, os autores preferidos e os amigos de todo mundo”, confessam. A verdade absoluta sobre alguém é identidade? “Hoje um indivíduo só é a partir do outro, com o outro”, afirmam.

Para ser útil é preciso ter um trabalho e bem pago. “Trabalho para poder viver depois do trabalho”, analisam. Descanso não é ócio, é preciso encher o tempo com várias coisas. “Estamos tão dentro disso que temos dificuldade de ver de fora”, profetizam. Você pode ser o que quiser. Milhares de trabalhos, milhares de possibilidades, milhares de oportunidades. “Você está constantemente abrindo novos caminhos”, relatam. Os famosos slash/slash, engenheiro /artista/ grafiteiro. O perfil que você constrói em sites de relacionamento é o seu mito do ideal? "No futuro todo mundo será famoso por 15 minutos", repetem. E os que ficam velhos antes de serem famosos? “O ideal está sempre longe, distante, fora da gente”, garantem. Dá para mudar tanto de vida?

Esse diálogo sobre o tema aconteceu num encontrão feito em julho no teatro para apresentar o II EIPA e aprofundar a discussão sobre o tema.